(texto atualizado às 18h58)
A Prefeitura do Rio de Janeiro ampliou de 48 horas para até uma semana a previsão para reabertura do Túnel Rebouças, interditado desde a noite de terça-feira por causa de deslizamentos de terra causados pela forte chuva que atinge a cidade. O Túnel Rebouças é a principal via de ligação das zonas norte e sul do Rio. Ele tem mais de dois quilômetros de extensão e por ele passam diariamente cerca de 200 mil veículos. Mais um forte deslizamento ocorreu no local por volta das 18h. Foram seis grandes deslizamentos em menos de 24 horas. Não houve feridos em nenhum deles, segundo a prefeitura.
TÚNEL REBOUÇAS FECHADO
Os deslizamentos no túnel prosseguem...
e falta segurança para a remoção
RIO FICA 'TRAVADO' NESTA QUARTA
SECRETÁRIO DE OBRAS EXPLICA
FOTOS DO DESLIZAMENTOSegundo o secretário municipal de Obras, Eider Dantas, mais de 5.000 toneladas de terra haviam caído da encosta do Morro do Cerro Corá, na zona ul, até o final da tarde desta quarta. Dantas disse que o trabalho de remoção da terra é impossibilitado pela chuva intensa. "Não há condições de segurança para trabalhar na área", afirmou Dantas. "Os riscos de deslizamento continuam. Pelas condições do clima, acredito que a liberação do túnel só ocorra em uma semana", disse, em entrevista ao UOL News. Segundo o secretário, choveu em 24 horas na região de Sumaré, onde fica o túnel, volume equivalente à média de 50 dias nesta época do ano.Equipes da Defesa Civil Municipal permanecem nas proximidades do túnel, mas a chuva intensa e o risco de mais deslizamentos impede os trabalhos. Segundo a Defesa Civil, a remoção total de terra só poderá ser concluída depois que a chuva parar, quando também poderá ser feita uma avaliação mais precisa das condições do túnel. Por enquanto, não há informação oficial sobre danos à estrutura do túnel.O dia foi de caos no trânsito do Rio por causa da forte chuva e da interdição do túnel.
Morte e desabrigados
Em Mesquita, bairro na Baixada Fluminense, uma criança de 9 anos morreu depois de ter sido arrastada pela correnteza. Veja reportagem do BandNews. Ela foi levada, já sem vida, para o Hospital de Vila Norma. Cerca de 150 pessoas desabrigadas foram levadas para uma escola do município.Os bairros mais atingidos pelas chuvas no Rio de Janeiro são, segundo a prefeitura, Campo Grande, Taquara, Praça Seca, Piedade, Guadalupe, Tijuca, Centro, Catete, Glória, Barra da Tijuca, Praça da Bandeira, Bonsucesso e Higienópolis.A Defesa Civil Municipal e o Corpo de Bombeiros atenderam 205 chamadas entre 8h e 16h desta quarta, mais que o dobro do movimento de dias normais. A maioria dos chamados registrados é sobre problemas de infiltrações e rachaduras em residências. Para atendimento em casos de emergências ou solicitações, a Defesa Civil coloca à disposição das população o telefone gratuito 199.
Recomendações
A Defesa Civil pede à população que não faça nenhum tipo de intervenção em casos de rachaduras em muros, casas, ou mesmo instabilidade ou deslizamento de terra. Além do entorno do túnel Rebouças, áreas na favela da Rocinha e Vidigal recebem atenção especial da Defesa Civil, já que são regiões com risco de desabamento e deslizamento de terra.O subsecretário estadual de Defesa Civil e comandante-geral do Corpo de Bombeiros, coronel Pedro Machado, fez um apelo à população: "Peço a todos que abram caminho para as ambulâncias do Corpo de Bombeiros, mas que evitem segui-las, para não provocar acidentes".
Falta de energia
A chuva também causou a interrupção do fornecimento de energia e telefone em parte da cidade. De acordo com a Light, o apagão atingiu partes do município de Nova Iguaçu; Anil e Freguesia, em Jacarepaguá; Cosmos e Barra da Tijuca, na zona oeste; Santa Teresa, na região central; e Tijuca, na zona norte. A assessoria da Light informou que técnicos da empresa estão fazendo reparos nestas regiões. Os moradores do bairro de Copacabana também ficaram sem energia por 20 minutos durante a manhã. A queda foi provocada por um problema na linha de transmissão que abastece a subestação da região, que afetou todo o bairro.Na manhã desta quarta-feira, com sinais de trânsito apagados, motoristas tentavam trafegar pela contramão para conseguir chegar ao trabalho.A situação caótica não se restringiu aos meios de transporte terrestres. O aeroporto Santos Dumont, no centro, fechou para pousos e decolagens, e o Internacional Antonio Carlos Jobim, na Ilha do Governador, zona norte, operava por meio de instrumentos.
Transporte público
O secretário municipal de Transportes, Arolde de Oliveira, pediu aos cariocas que não saiam de carro, que dêem preferência a trens e metrô e, se possível, ficassem em casa. Em entrevista ao UOL News, o coordenador de operações da Defesa Civil, coronel Evandro Sarno, declarou que, apesar da situação caótica, a chuva forte era prevista e "não pegou o Rio de Janeiro de surpresa". "Os maiores problemas estão na fluidez do trânsito", disse."A chuva faz parte do planejamento de verão do Rio e, apesar de não estarmos ainda na estação, contamos com um sistema de monitoramento que indicava que teríamos chuva forte em toda a cidade", afirmou o coronel. Esse sistema, explicou Sarno, foi essencial para que o túnel Rebouças fosse fechado preventivamente. "Foi uma decisão muito acertada, apesar de traumática para a cidade. Seria pior se tivéssemos a perda de vidas."O coronel preferiu não fazer nenhuma previsão sobre a reabertura do túnel. "Com a continuidade da chuva, podem ocorrer novos deslizamentos nessa área, o que inviabiliza o trabalho das equipes, em virtude da segurança dos funcionários." "A gente espera agora uma posição dos técnicos da Georio, que têm a atribuição de fazer uma avaliação de quando o túnel Rebouças poderá ser aberto parcialmente ou totalmente", disse Sarno. Segundo ele, "a via só será liberada ao trânsito quando a segurança dos cidadãos estiver garantida".
Deslizamento na Rio-Santos
A Defesa Civil Estadual não tinha registro de ocorrências graves em outros municípios do RJ por causa da chuva até o final da tarde. Houve um deslizamento de terra numa encosta da rodovia Rio-Santos no município de Itaguaí (75 km a oeste do Rio de Janeiro), que provocou a interdição parcial da pista no sentido Rio-Parati. Não houve vítimas nem registro de congestionamento nesse trecho da rodovia.
Chuva deve continuar
Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a chuva que causa transtornos no Rio desde a noite de terça foi influência de áreas de instabilidade provocadas pelo encontro da umidade vinda da Amazônia com uma frente fria, provavelmente originária da Argentina. O meteorologista Lúcio de Souza informou que a previsão é de que o cenário chuvoso permaneça inalterado nas próximas 48 horas.
A estimativa do Inmet é de 45 a 50 milímetros de chuva nas 24 horas na região metropolitana do Rio, o que é considerado cenário de chuva moderada. No entanto, de acordo com o meteorologista, os danos são agravados por causa da característica intermitente da chuva. "É um fenômeno característico da instabilidade da primavera com a chegada do verão", explicou Souza.
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